No dia 26 de janeiro, visitei um grupo de autoajuda onde participam dependentes químicos e familiares. Ele é um grupo judicial, onde as pessoas são obrigadas a participar por ordem da justiça. Tendo falta em duas reuniões é feito um relatório e enviado a juíza que toma suas devidas providências. O grupo é comandado pelo Irmão Leonardo, presidente do COMAD (Conselho Municipal Anti-Drogas) e nas reuniões são trazidas reflexões em que o Irmão consegue englobar a droga dentro dos textos. São encontros de mais ou menos uma hora e ocorrem uma vez por semana.
No dia estavam presentes o pai e a mãe de um dependente químico, a vó de um outro menino de apenas 14 anos que esta internado em uma fazenda de recuperação e 3 usuários de maconha, de 16 anos, 25 e 31 anos; que estão ali porque foram pegos pela polícia com uma quantidade razoável da droga.
O jovem de 25 anos conta que é usuário de maconha e que esta ali apenas porque a justiça ordenou, mas que continua na atividade. Esse mesmo jovem já tinha sido internado mais de uma vez em uma fazenda, mas como ele mesmo demonstra não tem vontade nenhuma de sair dessa vida. Já o mais velho disse que mesmo depois de terminar a pena continuará a frequentar as reuniões porque quando ele sai dali fica com a mente muito mais aberta e com muita vontade de mudar.
O Irmão Leonardo falou aos pais dos dependentes que eles não estão ali por causa dos filhos e sim por causa de si próprios, porque primeiro eles devem conseguir se ajudar, conseguir respirar, para depois tentar salvar o filho.
A reflexão escolhida para a reunião foi: NOSSA FINITUDE DE CADA DIA. Trazia uma frase assim: “Cada escolha dá fim a outras tantas, e isso nos angustia”. Isso cabe bem aos usuários de drogas, entrar no mundo das drogas foi uma escolha feita por eles e que aos pouquinhos foi dando fim a tantas outras coisas, levando tudo para um lugar bem distante da realidade deles e isso com certeza deve angustiar.
A dependência química é uma patologia, onde a cura não existe, o que deve existir em cada dependente é a vontade de continuar vivo.
Obs.: O registro fotográfico não foi realizado para manter a privacidade das pessoas.
